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sábado, 28 de maio de 2011

Estamos constantemente nos questionado o que é o melhor, este texto de Zero Hora só nos faz refletir, o que é melhor para nossas crianças e adolescente? Estamos sabendo como agir com elas?

Autoridade em crise = caos na educação - Por Nora Thormann

A visão romântica e edulcorada de que a vida em família seja de constante bom humor, paz e serenidade é absolutamente incorreta! Viver é administrar conflitos, desejos discordantes, ruídos de comunicação, errar, acertar, errar de novo.
Os receios mais comuns são o medo de que o filho deixe de gostar dos pais. Medo de punir, de ser agressivo ou de sufocar a personalidade, a criatividade dos filhos é usado frequentemente como justificativa por pais inseguros e desorientados em relação à função paterna. Educar é ensinar a obedecer a regras às quais nós, adultos, também estamos sujeitos; limites adequados e proporcionais dão segurança e sensação de alívio para crianças e adolescentes. Quem cresce sem repressão vive angustiado, pois não encontra uma barreira que o proteja de si mesmo e do mundo exterior.
A criança pequena é guiada pelo princípio do prazer e pelo sentimento de onipotência, sendo que a transformação desse comportamento absolutamente centrado em si mesma em uma visão de interação com o outro e o meio ambiente em que se vive chama-se educação. Todo esse processo é revivido na adolescência, mas de uma forma um pouco diferenciada.
A violência não deveria ser um rito de passagem para os adolescentes, mas ainda o é, talvez de forma mais perversa do que nos povos primitivos. As “panelinhas”, gangues, as fofocas, o prestígio, a popularidade e a premente necessidade de autoafirmação são os alicerces desta etapa do ciclo evolutivo. É quando as hierarquias sociais são poderosas e mais dominadoras do que em outras etapas da vida. A falta de limites generalizada por parte de pais, professores e das escolas só fez isso aumentar de modo vertiginoso, como o bullying e o cyberbullying, por exemplo.
A falta de limites aumenta a sensação de onipotência que gera violência, angústia e sensação de insatisfação, manifesta na busca incessante de prazer imediato, que talvez nos ajude a entender um pouco a pandemia da droga.
Mas quero retornar ao tema escola, pois a violência expressa nas salas de aula, através do desrespeito e agressão aos colegas e professores considerados “chatos”, que não se adaptam aos padrões desejados, é bastante freqüente. Ocorre uma situação invertida, em que há um descarado autoritarismo dos alunos em relação aos professores e à escola, que deve aceitar tudo.
Creio que desadaptação na adolescência sempre houve, mas agora está pior, porque esse período se inicia mais cedo e termina bem mais tarde, ocorrendo fenômenos de intensidade e agressividade muito maiores. A família está com valores e critérios em crise. Onde antes quase tudo era proibido, agora não se sabe mais as regras para a educação e o papel de pais, escola e sociedade como educadores. Muitas vezes, ao invés de impor restrições, cortar privilégios e punir, opta-se pelo “conversar” frustrante e repetitivo, que não ajuda a crescer. Aquilo que não se aprende em casa com amor, aprende-se na vida com dor, como bem mostram os noticiários. Ser pai é estar presente, posicionado, ser amigo, mas não igual ao filho, porque há uma hierarquia a ser seguida e respeitada. Autoridade se conquista com o respeito e a admiração do filho pelo pai, e isso deve se estender ao convívio social no mais amplo sentido.


*Psiquiatra e psicoterapeuta

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